Dados do Trabalho
Título
IDENTIFICAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE POPULAÇÃO COM ALTO RISCO CARDIOVASCULAR E PROVÁVEL HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR.
Resumo
Introdução: A Hipercolesterolemia Familiar (HF) é uma doença caracterizada por níveis elevados de LDL-c. Essa condição estaria associada a mutações dos genes do LDL-R, da ApoB ou da PCSK9 e tem relevante relação com eventos cardiovasculares. Dessa forma, a identificação e diagnóstico devem ser realizados precocemente a fim de minimizar os riscos de doenças cardiovasculares (DCV) e aumentar a sobrevida de seus portadores. A HF deve ser investigada em adultos com LDL-c > 190 mg/dL e em crianças e adolescentes com LDL-c > 160 mg/dL. O exame padrão-ouro para o diagnóstico de HF é a análise genética, mas devido seu alto custo e baixa disponibilidade em serviços públicos, usa-se o critério Dutch Lipid Clinic Network Score (DLCNS), como uma forma alternativa para classificar e diagnosticar esses indivíduos. O objetivo do estudo foi avaliar a incidência de DCV em população selecionada de alto risco cardiovascular e provável HF, bem como o impacto da redução de LDL-c na incidência de eventos cardiovasculares após o diagnóstico e tratamento clínico otimizado. Métodos: Os pacientes foram selecionados segundo o critério DLCNS e classificados conforme a pontuação em: possível HF, provável HF e definitivo HF. O período de seguimento da população foi de 2 anos, em média. Os critérios de inclusão foram idade acima de 18 anos e LDL > 190 mg/dL. Foram excluídos pacientes com dislipidemia secundária. Análise Estatística: Os dados foram analisados e expressados em média e porcentagem. Resultados: A amostra foi composta por 50 pacientes (80% mulheres), com idade média de 57,4 anos e índice de massa corpórea de 27,2 Kg/m2 (34,4% sobrepeso e 28,1% obesos). O DLCNS médio da população do estudo foi de 6,1 (provável HF). Os pacientes com eventos cardiovasculares prévios apresentavam DLCNS de 5,8 (possível HF), o que pode ser justificado pelo uso de estatinas de alta potência, após o evento. A incidência de eventos cardiovasculares prévios no início do seguimento foi de 36%, sendo 34% infarto agudo do miocárdio e 2% acidente vascular cerebral. Esses pacientes apresentaram concentrações médias de colesterol total (CT) e LDL-c de 272 mg/dL e 192 mg/dL, respectivamente, e tinham como principais fatores de risco: história familiar positiva para DCV precoce (77%), hipertensão arterial (67%), tabagismo (44%) e diabetes mellitus (39%). Após um período médio de seguimento de dois anos, contatou-se redução de 34% na incidência de novos eventos cardiovasculares. Conclusão: Embora o exame padrão-ouro seja de baixa disponibilidade na grande parte dos serviços de saúde do Brasil, o DLCNS é de fácil acesso e aplicabilidade, o que permite identificar os pacientes com HF e tão logo instituir o tratamento clínico adequado. O diagnóstico precoce e o tratamento otimizado com estatinas de alta potência reduzem os níveis séricos de CT e LDL, impactando diretamente na redução de eventos (principalmente infarto agudo do miocárdio) e na mortalidade de causa cardiovascular.
Área
Pesquisa Clínica
Instituições
SANTA CASA DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil
Autores
LARISSA BRAILOWSKY PELLEGRINO, ARMANDO SUEHIRO, LEONARDO OGAWARA KAWAMOTO LAHOZ GARCIA, ANA BEATRIZ PEREIRA DE SOUZA, RENATO JORGE ALVES