XVII Congresso Brasileiro de Aterosclerose

Dados do Trabalho


Título

Risco cardiovascular e câncer de mama: Uma possível conexão com os lipídeos?

Resumo

Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) e o câncer são, respectivamente, a primeira e segunda maiores causas de mortalidade no mundo e no Brasil. Essa relação é particularmente importante entre mulheres, quando se investiga o câncer de mama (CM) e o estado de menopausa, visto que a evolução do CM tem sido associada a um perfil lipídico pró-aterogênico; fato que sugere que a história natural dessas doenças curse com vias metabólicas comuns. Considerando ainda que os ácidos graxos (AG) da dieta podem modificar o metabolismo lipídico, é provável que esses nutrientes alterem a relação entre DCV e CM. Métodos: Estudo transversal observacional realizado com 95 mulheres com recente diagnóstico de CM (estadiamento I - III), sem tratamento antineoplásico prévio e metástase. O perfil clínico, antropométrico (peso, estatura, circunferência da cintura) e composição corporal foram aferidos por métodos padronizados. A partir do sangue obtido após 12 horas de jejum, analisou-se os AG plasmáticos (cromatografia gasosa), o perfil lipídico (colesterol total, triglicerídeos, LDL-c, HDL-c) e apolipoproteínas (Apo B e Apo A-I). Foi realizado o teste ANOVA one-way para variáveis normais e o teste de Kruskal-Wallis para variáveis não paramétricas no softwareSPSS® v.20. Resultados: A mediana da idade foi de 44,5 anos, enquanto a média do IMC (28,0 kg/m2) e da circunferência da cintura (96,5 cm), indicaram sobrepeso e elevado risco cardiovascular, respectivamente. Não houve diferença entre a expressão de receptores (receptor de estrogênio, receptor de progesterona e HER2) e tamanho tumoral, segundo quartis de HDL-c (Q1-Q4). Entretanto, mulheres com HDL-c > 35,5 mg/dL (Q3 e Q4) apresentaram maior conteúdo de Apo A-I e menores valores de triglicerídeos. Esse perfil se associou a menor conteúdo de AG saturados (C14:0 e C16:0) e monoinsaturados (C18:1), em detrimento do elevado conteúdo de AG poli-insaturados da série ômega-3 (C22:5 n-3, C22:6 n-3), índice n-3 (soma EPA+DHA), e poli-insaturados totais. Não houve diferença no conteúdo de colesterol total, LDL-c, Apo B e colesterol não-HDL, segundo quartis de HDL-c. Conclusões: Mulheres com câncer de mama com maiores valores de HDL-c apresentam menor conteúdo de TG e maior Apo AI, em associação a um conteúdo de AG da série ômega-3 maior, embora o HDL-c não tenha se associado com o tamanho tumoral.

Área

Pesquisa Clínica

Instituições

Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

ISABELLE ROMERO NOVELLI, GUSTAVO HENRIQUE FERREIRA GONÇALINHO, NÁGILA RAQUEL TEIXEIRA DAMASCENO