Dados do Trabalho
Título
NIVEIS SERICOS DE COLESTEROL E USO DE ESTATINAS EM PACIENTES COM DOENÇA CORONARIA – DADOS DE UM REGISTRO PROSPECTIVO DE UM CENTRO TERCIARIO
Introdução
A associação causal do LDL-colesterol (LDL-C) com doença aterosclerótica coronária (DAC) é inquestionável. As diretrizes nacionais e internacionais recomendam redução intensiva do LDL-C para os indivíduos de maior risco, mas diferem em relação as metas específicas de LDL-C e limiares para iniciar terapias adicionais às estatinas na redução lipídica. No Brasil, é de se questionar se as metas lipídicas são atingíveis com os medicamentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Material e Método
591 pacientes de um registro de DAC em acompanhamento em um centro terciário do SUS foram analisados. Foram avaliados o número de pacientes que no momento da inclusão estavam nas metas de acordo com a diretriz brasileira e com a diretriz americana, respectivamente: LDL-c < 50 e 70 mg/dL, bem como não-HDL colesterol (NHDL-c) < 80 e < 100 mg/dL. Foi também levantado o número de pacientes em uso de estatinas de alta potência. O impacto destas variáveis na incidência de morte, acidente vascular encefálico, ou infarto agudo do miocárdio (IAM) também foi analisado.
Resultados
Dos 591 pacientes (idade média de 65 anos (DP 9,5)), 195 (33%) eram mulheres e 438 (74%) foram submetidos a algum procedimento de revascularização miocárdica previamente. Somente 42 (7,7%) apresentavam LDL-c < 50 mg/dL, e 182 (33.3%) apresentavam LDL-c < 70 mg/dL. Quanto ao NHDL-c, 96 (17,7%) e 208 (38%) estavam nas metas de < 80 e < 100 mg/dL, respectivamente. 387 pacientes (65,5%) estavam em uso de estatina de alta potência, e 180 (30,5%) em estatina de baixa ou moderada potência. Menos de 6% estavam em uso de fibrato ou ezetimibe. No seguimento, não houve alteração na proporção de pacientes que atingiram as metas de colesterol, ou no padrão de uso de estatina (p > 0,05 para todas as análises). A sobrevida livre de eventos em 2 anos foi de 93% (IC95% 91 – 96%). Níveis mais baixos de LDL-c (p = 0.02), NHDL-c (p = 0.01), e uso de estatinas de maior potência (p = 0.045) estiveram associadas a melhor prognóstico.
Discussão e Conclusões
Na amostra analisada, níveis mais baixos de LDL-C, de NHDL-C e o uso de estatina de alta potência, foram associados à melhor prognóstico. No entanto, poucos pacientes atingiram as metas lipídicas propostas pelas diretrizes mesmo que a maioria fazia uso de estatina de alta potência disponível pelo SUS.
Palavras Chave
Doença arterial coronaria, colesterol, estatinas, diretrizes
Área
Pesquisa Clínica
Instituições
Instituto do Coração HCFMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
EDUARDO MARTELLI MOREIRA, Henrique Trombini Pinesi, Paolo Gripp Carreño, Arthur dos Santos Lessa, Fabio Grunspun Pitta, Eduardo Gomes Lima, Cibele Larrosa Garzillo, Carlos Vicente Serrano Jr, Fabiana Hanna Rached