Dados do Trabalho
Título
Assistência circulatória mecânica de longa duração em crianças: análise clínica e laboratorial
Introdução e/ou Fundamentos
Em países como o Brasil, em que a doação de órgãos é escassa, a mortalidade em fila de transplante cardíaco é alta e os dispositivos de assistência ventricular (DAV) são alternativas terapêuticas nestas situações, capazes de manter as condições hemodinâmicas de pacientes em fila de transplante. Berlin Heart EXCOR é atualmente um dos poucos DAVs específicos para crianças e são poucos os dados referentes aos desfechos associados a esse tratamento. Este estudo avaliou aspectos clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos de paciente submetidos a implante de DAV como ponte para transplante cardíaco, correlacionando dados clínicos e laboratoriais pré implante com desfechos a curto e longo prazo.
Métodos
Estudo retrospectivo, incluídos pacientes pediátricos submetidos a implante de Berlin Heart EXCOR em hospital cardiológico terciário no período de 2010 a 2021. Avaliados dados clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos no momento do implante do DAV, ocorrência de complicações e o desfecho (sucesso como ponte para transplante ou óbito).
Resultados e Conclusões
Resultados: incluídos 8 pacientes, idade 8 meses a 15 anos; 6 com miocardiopatia dilatada e 2 com cardiopatia congênita. 6 em Intermacs 1 e 2 em Intermacs 2. Dois foram assistidos em ECMO, todos estavam com drogas vasoativas, 7 em ventilação mecânica e 3 em terapia de substituição renal. 62,5% tiveram AVC, 50% disfunção ventricular direita, 37,5% sangramento, 37,5% infecção relacionado ao DAV e 25% trombose de bomba. Cinco (62,5%) foram submetidos a transplante, 2 foram a óbito e 1 segue em DAV listado para transplante. O grupo submetido a transplante apresentou maior média de idade, peso e tempo em assistência, em comparação àqueles que foram a óbito, sem diferença estatisticamente significativa. A doença de base, miocardiopatia ou cardiopatia congênita, não teve impacto no desfecho. O grupo submetido a transplante apresentou valores mais baixos de BNP e lactato, porém nenhuma variável laboratorial ou ecocardiográfica apresentou diferença estatisticamente significativa para o desfecho. Conclusão: DAV é um tratamento invasivo, com potenciais efeitos adversos graves e ainda pouco disponível no nosso meio. Entretanto, como ponte para transplante, é um tratamento útil para crianças em declínio clínico progressivo. Não foi observado no presente estudo fatores clínicos ou laboratoriais no momento do implante de DAV que implicassem em melhores desfechos.
Palavras Chave
Dispositivo de assistência ventricular Insuficiência cardíaca pediátrica Transplante cardíaco
Área
Terapia intensiva cardíaca pediátrica
Autores
Maria Julia Aro Braz Corbi, Marcelo Biscegli Jatene, Adailson Wagner Silva Siqueira, Claudia Regina Pinheiro Castro Grau, Luiz Fernando Caneo, Glaucia Maria Penha Tavares, Nana Miura Ikari, Estela Azeka