Dados do Trabalho
Título
Revalvularização percutânea pulmonar da via de saída alargada: estudo multicêntrico internacional com a valva Venus
Introdução e/ou Fundamentos
Introdução: Pacientes submetidos a cirurgias de reconstrução da via de saída do ventrículo direito (VSVD) com retalhos transanulares evoluem com insuficiência pulmonar (IPu) total que é deletéria ao VD em longo prazo. Do ponto de vista anatômico, estes casos são desafiadores para revalvularização percutânea porque as valvas balão-expansíveis disponíveis atualmente possuem diâmetro e comprimento limitados para ancoragem segura na VSVD alargada. Objetivo: Relatar a experiência multicêntrica mundial com a nova valva auto-expansível Venus. O objetivo primário foi uma composição da factibilidade de implante, eficácia e segurança.
Métodos
Métodos: Estudo de coorte prospectivo observacional de pacientes selecionados com cardiopatias congênitas submetidos a cirurgias de reconstrução da VSVD com retalhos transanulares e IPu grave. Critérios de inclusão e exclusão foram determinados por protocolo pré-estabelecido baseado em dados clínicos e anátomo-funcionais obtidos por ecocardiografia, ressonância (RM) e tomografia. O implante valvar seguiu a padrões técnicos pré-determinados. O seguimento constou de ecocardiografia (6, 12 meses e anual) e ressonância magnética (6 meses). Os desfechos foram avaliados por comitê independente.
Resultados e Conclusões
Resultados: Setenta e nove pacientes foram estudados em 10 centros mundiais, com 5 do Brasil. A idade e o peso médio foram 26,3 ± 13,3 anos e 59,6 ± 15,8 kgs. O implante foi exitoso em todos os casos com mais de 80% recebendo próteses > 30 mm. Não houve mortalidade imediata nem tardia em um seguimento de até 2 anos. Todos evoluíram sem ou com IPu mínima e ausência de gradientes na VSVD. Houve queda da mediana dos volumes diastólico e sistólico do VD de 157 para 116 e 84 para 61 ml/m2 na RM (p<0.001). Houve 4 eventos adversos tardios considerados graves: endocardite (n=1), formação de trombos (n=2) e taquicardia ventricular (n=1), todos manejados clinicamente sem necessidade de explante. Foram observadas fraturas na malha de nitinol em 14% dos pacientes sem consequências clínicas. Houve melhora significativa da classe funcional em todos os pacientes. Conclusões: A revalvularização da VSVD alargada com retalhos transanulares com a nova valva Venus foi factível, segura e eficaz em seguimento de médio prazo. A homogeneidade dos desfechos nos diversos centros mostra a reprodutibilidade da técnica. Este estudo resultou na aprovação do CE Mark em abril/2022 e a ANVISA deverá aprovar seu uso clínico no Brasil em 2023.
Área
Hemodinâmica e cardiologia intervencionista
Instituições
Evelina Childrens Hospital - - Great Britain (United Kingdom), Instituto Dante Pazzenese de Cardiologia - São Paulo - Brasil, Sidra Medical Center - - Qatar
Autores
Carlos Augusto Cardoso Pedra, Rodrigo Nieckel da Costa, Marcelo Silva Ribeiro, Shakeel Qureshi, Ziyad Hijazi