Dados do Trabalho
Título
Cardiopatia Congênita, Hipertensão Arterial Pulmonar e Gravidez: Um relato de caso
Introdução e/ou Fundamentos
A gravidez e o parto em pacientes com Cardiopatia Congênita e Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) propõem risco muito alto de complicações maternas e fetais e são contraindicados de acordo com as diretrizes. Nos últimos anos, a possibilidade de terapias vasodilatadoras direcionadas ao tratamento da HAP e uma abordagem multidisciplinar tem sido um recurso essencial quando a gestação é continuada. O objetivo deste trabalho é compartilhar a evolução gestacional de uma paciente de 20 anos de idade com diagnóstico de Comunicação Interatrial (CIA) e HAP, e chamar a atenção para a importância do diagnóstico e tratamento precoce das cardiopatias congênitas, melhorando a qualidade de vida, evitando complicações e desfechos desfavoráveis.
Relato do Caso
F.Y.S.C., 20 anos, com 13 semanas de gestação, com diagnóstico de CIA e HAP aos 17 anos e em uso de Sildenafil 75mg ao dia. Foi encaminhada do pré-natal para o serviço de cardiologia. Ecocardiografia (ECO): CIA Ostium secundum de 18mm, fluxo bidirecional, disfunção e sobrecarga de ventrículo direito (SVD), dilatação do Tronco Pulmonar e pressão sistólica do ventrículo direito 93mmHg; Eletrocardiograma: sinais de SVD; Plaquetopenia, PO2 46mmHg, Saturação 84% e Peptídeo Natriurétrico 593pg/mL; Ultrassonografia(USG) Obstétrica: bem estar fetal; Cateterismo: CIA ampla, fluxo da direita para à esquerda, evidenciando HAP com resistência vascular pulmonar elevada e critérios de inoperabilidade. Evoluiu com piora da Classe Funcional III-IV da OMS, mesmo após otimização de Sildenafila 150 mg e furosemida 40mg ao dia, saturação 75-80% e derrame pericárdico. Não tolerou digoxina. Exame fetal: refluxo valvar tricúspide e derrame pericárdico em grau discreto. Iniciado Iloprosta inalatória 10mcg a cada 4 horas com boa resposta clínica em 7 dias, evidenciada pela melhora da Classe Funcional (III>II). Com 30 semanas e 3 dias, foi realizada a interrupção da gestação devido centralização e sofrimento fetal. Foi encaminhada à UTI, grave, saturando 55%, taquicárdica e hipotensa. Realizou ECO à beira do leito evidenciando disfunção sistólica do VD, TAPSE 1,4 cm, onda S lateral da valva tricúspide 9 cm/s, pressão sistólica arterial pulmonar 95 mmHg e derrame pericárdico leve. Após 10 horas do parto, paciente evoluiu com parada cardiorrespiratória e ao óbito.
Conclusões
Diagnóstico precoce, abordagem individualizada, atendimento multidisciplinar humanizado e acesso às medicações são essenciais na redução do risco cardiovascular, em gestantes com cardiopatia congênita.
Área
Relato de caso
Autores
THAYANE NAYARA SILVA COELHO TORRES, ARANDA NAZARÉ COSTA ALMEIDA HABER, MARÍLIA NAZARETH ALMEIDA CRUZ FARIAS, FABIANA BARROS OLIVEIRA, FRANCISCA CARMOSINA CASTRO LOBATO, JOSÉLIA PANTOJA OLIVEIRA MANSOUR, SANAIRA SUYAN LIMA SOARES, ROGERIO DOS ANJOS MIRANDA, ALAIS BRITO NASCIMENTO, DENISE REZENDE TRAVESSA