27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Calcificação arterial idiopática infantil: Relato de um caso com suspeita diagnóstica pré-natal através do ecocardiograma fetal e confirmação pós-natal.

Introdução e/ou Fundamentos

Calcificação arterial idiopática infantil (CAII) é uma condição rara na qual há extensa calcificação das grandes e médias artérias devido ao depósito de sais de hidroxiapatita na lâmina elástica interna, proliferação miointimal e estenose das mesmas, causando hipertensão arterial, isquemia e consequente insuficiência cardíaca ou infarto. O uso de bifosfanato tem sido empregado na literatura, com resultados variados. A seguir relatamos um caso com boa resposta ao tratamento. 

Relato do Caso

TDAN, 33 anos, casamento consanguíneo, G6P6A0, antecedente de dois óbitos fetais com 26 semanas, dois filhos saudáveis e um com diagnóstico de miocardiopatia no período neonatal evoluindo para óbito com três meses de idade. Internada com 31 semanas devido a alteração do fluxo na artéria cerebral ao ultrassom obstétrico (US), indicado ecocardiograma fetal que evidenciou predomínio das cavidades direitas, hiperrefringência das paredes da artéria pulmonar e aorta,  e hipótese diagnóstica de CAII. Permaneceu internada com controle US diário e ecocardiograma em 72 horas, entretanto após 48 horas evoluiu com sinais de centralização e indicado o parto. Recém-nascido pré-termo, feminino, ápgar 8/9, apresentou desconforto respiratório e necessidade de suporte ventilatório não invasivo. Ecocardiograma transtorácico (ETT) demonstrou hiperrefringência acentuada das artérias pulmonar e aorta (até sua porção abdominal), pontos hiperrefringentes no miocárdio do ventrículo direito, nas valvas tricúspide, mitral e disfunção sistólica biventricular, corroborando com a hipótese de CAII. Evoluiu com piora hemodinâmica e da função ventricular, observou-se hiperrefringência das artérias coronárias. Iniciado ciclo de pamidronato (bifosfanato) com melhora clínica, função sistólica preservada, sem progressão no aspecto da calcificação arterial. No quadragésimo dia após o ciclo de pamidronato apresentou quadro de infarto agudo do miocárdio (IAM), disfunção sistólica importante do ventrículo esquerdo e melhora progressiva com suporte inotrópico e ventilatório. Indicado segundo ciclo de pamidronato e ao ecocardiograma nítida melhora do aspecto das calcificações e função ventricular normal. Seguiu estável e hoje encontra-se em seguimento ambulatorial multidisciplinar

Conclusões

A CAII é uma doença rara, de prognóstico reservado e o diagnóstico prévio pelo ecocardiograma fetal é fundamental para planejamento do parto, com abordagem multidisciplinar, possibilitando o tratamento precoce com impacto favorável no desfecho clínico.  

Área

Relato de caso

Instituições

Hospital e Maternidade São luiz Itaim - Rede D’Or - São Paulo - Brasil

Autores

Carolina da Rocha Brito Menezes, Gabriela Nunes Leal, Leandro Alves Freire, Solange Coppola Gimenez, Wanda Teixeira Moreira Nascimento, Chang Yin Chia, Daniela Bonfa, Graziela Lopes Del Bem, Maria Augusta Gibelli, Claudia Regina Pinheiro de Castro Grau