Dados do Trabalho


Título

MIOCARDITE PÓS-VACINA RNA MENSAGEIRO BNT162b2 COVID-19: RELATO DE CASO.

Introdução

Foram registrados 275 casos de miocardite e pericardite, em indivíduos de 16 a 24 anos, entre mais de 12 milhões de doses de  vacinas mRNA para Covid-19 aplicadas nos EUA, segundo o CDC. Na maioria dos casos, houve recuperação rápida e apenas 3 casos necessitaram de internação hospitalar. O objetivo deste trabalho foi descrever um caso de miocardite com importante repercussão hemodinâmica pós-vacina da BNT16b2 (Pfizer/BioNTech) em uma cidade com cerca de 250 mil habitantes (Rio Grande/RS, Brasil).

Descrição do Caso

Mulher, 78 anos, branca, hipertensa, procurou serviço de emergência, em 08-01-2022, referindo dor precordial com irradiação cervical, fadiga intensa e dispneia aos pequenos esforços, que se iniciaram 14 dias após receber a 3ª dose da vacina. Na admissão, apresentava sibilos difusos e bulhas cardíacas hipofonéticas. Alteração laboratorial de CK-MB=26,6 U/L (normal <25 U/L) e sem variação de cTnI=0 Ng/mL (normal até 0,30Ng/mL). ETT evidenciou FEVE de 28% e discinesia apical. Cinecoronariografia sem alterações.

Hipótese(s) diagnóstica(s)

Alta suspeita de miocardite pós-vacina, sendo solicitada RMC com gadolíneo para confirmar a hipótese diagnóstica. RMC mostrou dilatação importante do VE, com FEVE de 35%, disfunção sistólica moderada e fibrose miocárdica nas paredes inferior e ínfero-lateral basal sugestiva de miocardite.

Conduta(s) adotada(s)

Este relato demonstra uma reação adversa grave pós-vacinal em paciente idosa e do sexo feminino. Entretanto, os casos de miocardite estão mais relacionados a homens com até 30 anos, sendo que poucos precisaram de tratamento hospitalar. Numa cidade com cerca de 250 mil habitantes, como Rio Grande/RS, são esperados menos de 6 casos ao todo, sendo excepcional a necessidade de internação hospitalar. Evidencia também a necessidade de estar atento às reações ocasionadas por vacinas de mRNA, sobretudo em indivíduos de faixa etária mais avançada, com possível evolução desfavorável ou mais complicada. Atualmente, a paciente apresenta melhora dos sintomas, mas demonstra grave disfunção sistólica de VE, RM de etiologia secundária e HAP leve de etiologia pós-capilar. Caso não ocorra recuperação da FEVE, há indicação de TRC.  

Conclusões

A complexidade do diagnóstico e sua etiologia foram os principais desafios enfrentados pela equipe médica. Esse relato demonstra que não se deve limitar a formulação da hipótese a uma visão rasa e inicial do quadro clínico. Desse modo, é pertinente aliar o raciocínio clínico aguçado à infraestrutura hospitalar com condições mínimas para uma investigação diagnóstica adequada.

Palavras chave

Miocardite; Vacinas de RNAm; COVID-19

Área

Temas Livres

Autores

MARIANA VIEIRA TELES, Carlo Schmidt Baldoni, Felipe da Silva Paulitsch