Dados do Trabalho
Título
A Jornada Cardiovascular de um Sobrevivente Oncológico: Relato de Caso
Introdução
Doenças cardiovasculares (DCV) e câncer são as principais causas de mortalidade em todo o mundo. Avanços recentes na detecção e no tratamento do câncer levaram ao aumento no número de sobreviventes. Com uma população mais idosa com história de câncer e de DCV, associada ao potencial de toxicidade do tratamento oncológico, há necessidade de ampliar-se o conhecimento na área.
Descrição do Caso
Uma paciente de 73 anos em consulta cardiológica, com edema significativo de membros inferiores e ascite. Função ventricular esquerda preservada, com insuficiência tricúspide (IT) grave as custas de paralisia e retração do folheto posterior. Tem histórico recente de infarto agudo do miocárdio inferior complicado com bloqueio atrioventricular total, manejada com marcapasso provisório, trombólise e angioplastia de coronária direita. Desenvolveu fibrilação atrial (FA) paroxística e necessitou angioplastia de lesão residual grave em enxerto venoso para descendente anterior (DA). Trata-se de paciente ex-tabagista, que em 1988 realizou quimioterapia (QT), radioterapia (RT) e cirurgia de câncer de mama esquerda, e que em 2011 teve um segundo câncer, em mama direita, tratado com QT e cirurgia. No intervalo entre os diagnósticos oncológicos, foi submetida a revascularização miocárdica com enxerto de veia safena para DA.
Hipótese(s) diagnóstica(s)
Cardiotoxicidade relacionada a QT e RT manifestando-se com síndromes coronarianas crônica e aguda, IT grave sintomática, FA paroxística.
Conduta(s) adotada(s)
A figura evidencia a associação bidirecional entre câncer e doença arterial coronariana (DAC). O risco de DAC é uma complicação bem conhecida da RT, agravado pelo uso concomitante de antracíclicos. Doença valvar, pericardite e derrame pericárdico, distúrbios de condução, arritmias e morte súbita também são complicações dessa terapia. Fibrose mediastinal e aterosclerose acelerada das artérias mamárias dificultam a cirurgia de revascularização miocárdica em pacientes submetidos a RT, bem evidente no caso. Plaquetopenia e distúrbios de coagulação não são raros no paciente com câncer. O balanço entre sangramento e trombose fica ainda mais complexo quando há necessidade de anticoagulação concomitante ao implante de stent. No caso, em vigência de FA, optou-se por terapia tripla durante 30 dias, seguido da combinação clopidogrel e anticoagulante oral direto. A IT foi manejada com diurético com resposta parcial.
Conclusões
Com a coexistência cada vez maior de câncer e DCV é fundametal uma abordagem multi-disciplinar. A população idosa é a de maior prevalêcia nesse complexo cenário.
Palavras chave
Cardio-oncologia; Cardiotoxicidade
Área
Temas Livres
Instituições
Curso de Pós-Graduação em Cardio-Oncologia da SBC/INC/INCA - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
RICARDO BRANCHER, Paulo Roberto Waltrick