Dados do Trabalho
Título
Avaliação de Risco Pré-Operatório em Paciente Idoso Cardiopata - Um Relato de Caso
Introdução
No Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas apresentam alguma doença cardiovascular, que representam cerca de 28% dos óbitos no país, impactando inclusive nos desfechos de procedimentos extra-cardíacos. Nesse ponto reside a importância da avaliação do risco pré-operatório no que tange a redução de morbidade e mortalidade de pacientes submetidos a cirurgias não-cardíacas. Uma avaliação perioperatória completa abrange tanto as comorbidades do paciente, sobretudo as cardiovasculares, quanto seu estado funcional, peso, medicamentos em uso- todos avaliados conforme o tipo de cirurgia em questão. Assim, doenças cardiovasculares podem não apenas determinar o risco de sucesso de um procedimento, mas também prognóstico a longo prazo.
Descrição do Caso
Paciente LZM, 74 anos, indicada para duodenopancreatectomia (DPT) após confirmação de neoplasia de papila duodenal por suspeita de colangite e perda de aproximadamente 40 kg nos últimos 2 anos. Apresentou picos febris de 39°C, associados com desconforto em hipocôndrio direito com irradiação para flanco. Sem alterações urinárias e evacuatórias. Esteve internada durante 50 dias, onde chegou com síndrome colestática e foi colocado stent em via biliar Segue em avaliação pré-operatória por apresentar múltiplas comorbidades, inclusive cardiovasculares, que impactam no sucesso e prognóstico do procedimento, como hipertensão, diabetes mellitus 2, hipotireoidismo, asma, além de ser ex-tabagista de 15 anos/maço e uma cardiopatia isquêmica. Paciente realizou, em 2015 uma angioplastia coronária com colocação de stent e em 2018, realizou ecocardio que revelou estenose valvar aórtica de grau leve. Em uso de Espironolactona, Enalapril, Tartarato de metoprolol, Hidroclorotiazida, Metformina, Sinvastatina, Hidralazina, Levotiroxina, Omeprazol, Dinitrato de Isossorbida. Alergia a Sulfas e iodo/contraste; encontra-se atualmente com estado funcional totalmente dependente (KATZ 6/6).
Hipótese(s) diagnóstica(s)
A hipótese diagnóstica foi de neoplasia de papila duodenal, decorrente de suspeita de colangite e achados relevantes em RM de abdome e colangio RM.
Conduta(s) adotada(s)
Foi agendada DPT para o dia 24/08/22. Também, foram solicitados exames laboratoriais de controle e foi solicitada uma avaliação psicológica para avaliar o estado mental do paciente. Ademais, reservou-se leito em UTI para recuperação pós cirúrgica.
Conclusões
O quadro apresentado pela paciente caracterizado pela necessidade de cirurgia em contraponto à apresentação de múltiplas comorbidades põe em risco o sucesso da cirurgia tanto a curto quanto a longo prazo. Com isso, uma avaliação perioperatória completa se faz necessária para essa paciente de alto risco para balancear os benefícios dessa cirurgia com os seus perigos em virtude do estado prévio de saúde. Assim, a execução da duodenopancreatectomia é ainda incerto.
Palavras chave
Risco pré-operatório; idoso; cardiopatia isquemica
Área
Temas Livres
Autores
ALEXANDRE PERIN DECOL, Carolina Guimarães Herzog, Thiago de Almeida Salles, Guilherme Rodrigues Viana, Matheus Cogo Mendes, Emanuella Lara Tarzo de Medina Coeli, Carolina Andreatta Gottschall, Rafaela Aléssio Naibo