Dados do Trabalho

Título

Troponina de Alta sensibilidade como marcador de cardiotoxicidade por quimioterapia

Introdução

A cardiotoxicidade(CTX) é uma entidade clínica relativamente nova que, no caso de insuficiência cardíaca, é um marcador de mau prognóstico em sobreviventes de câncer que receberam tratamento com antraciclinas. Nesses pacientes, a detecção da disfunção cardíaca na fase subclínica permite a detecção precoce do comprometimento miocárdico e pode evitar maiores danos ao coração. O aumento da troponina de alta sensibilidade (TAS)1 e os avanços tecnológicos em imagens como o Strain Longitudinal Global (SLG)2, permitem que essa condição seja detectada, porém, este, é privilégio de poucos serviços públicos

Descrição do Caso

M.E.M.F, 67 anos, carcinoma mamário, quimioterapia (QT) neoadjuvante (doxorrubicina, ciclofosfamida e paclitaxel); o principal marcador de CTX utilizado foi a TAS. Assintomática, ECG e Eco normais, FE:64,35%, NT-PróBNP(143pg/ml) e TAS(207,2ng/l). Diagnosticada injúria cardíaca assintomática e prescrito carvedilol 50mg/dia. Durante o tratamento houve redução de 20% da dose da QT devido a efeitos colaterais. Após 15 semanas de tratamento, devido ao aumento persistente da TAS, chegando a 1.572,1ng/l, optou-se por suspensão temporária dos ciclos de QT. Observou-se redução da concentração de TAS (479,7) e na ausência de sinais ou sintomas de anormalidade cardiovascular, foi liberada para mastectomia, alta hospitalar sem intercorrências, e em condições clínica e laboratorial estáveis, iniciará radioterapia (RT).

Hipótese(s) diagnóstica(s)

A CTX induzida por QT, abrange diversos mecanismos de lesão ao sistema cardiovascular como: injúria miocárdica direta, exacerbação de coronariopatia, hipertensão, arritmias e outros3,5. Considerando as antraciclinas, o sistema cardiovascular é afetado principalmente pela inibição da topoisomerase 2B, causando, principalmente, dano no DNA, levando à apoptose de cardiomiócitos e consequente disfunção ventricular esquerda4.  

Conduta(s) adotada(s)

A suspeita ou monitorização  por meio da dosagem de TAS pode ser considerada para a detecção de lesão miocárdica precoce em pacientes de alto risco para CTX.

Conclusões

A proteção da função cardíaca representa atualmente um desafio constante para àqueles que enfrentam, na prática clínica, reações adversas a diversos agentes antineoplásicos. A detecção precoce da CTX durante todo o tratamento quimioterápico pode reduzir morbimortalidade cardiovascular. Desta forma, e por se tratar de um exame barato e acessível na maioria das regiões do país, a TAS torna-se um bom marcador para detecção precoce de CTX.  

Palavras chave

Cardio-oncologia; Cardiotoxicidade; Quimioterapia; Troponina ultra-sensível; Peptídeo natriurético cerebral(BNP).