Dados do Trabalho
Título
Amiloidose de cadeias leves também devemos pensar no idoso
Introdução
Os dois tipos mais frequentes de amiloidose com acometimento cardíaco são a de cadeias leves da imunoglobulina (AL) e a por transtirretina.
Descrição do Caso
Masculino, 65 anos, hipertenso, diabético e dislipêmico. Tratamento percutâneo de comunicação interatrial tipo ostium secundum com prótese de Amplatzer® em janeiro de 2021, seguido de implante de marca-passo definitivo por bloqueio atrioventricular total em maio do mesmo ano. Evoluiu assintomático, com ecocardiograma transtorácico (ETT) com hipertrofia ventricular esquerda (VE) (septo interventricular de 15mm e parede posterior de VE 15mm); derrame pericárdico importante; função sistólica biventricular preservada; significativo aumento biatrial e do ventrículo direito. Realizada drenagem de Marfan e biopsia pericárdica evidenciou processo inflamatório crônico inespecífico. A dosagem da relação kappa/lambda foi de 0,03 (ref: 0,31-1,56) e a imunofixação da urina detectou a presença de pico monoclonal de lambda. Evoluiu assintomático com exame físico normal e ETT com strain sem sinais sugestivos de amiloidose. Após 8 meses de evolução, apresentou quadro de insuficiência cardíaca (IC) com sinais de congestão ao exame físico. Novo ETT com queda significativa da fração de ejeção do VE de 76% para 35%. A biopsia endomiocárdica encontrou depósito amiloide e a espectrometria de massa confirmou ser o depósito de cadeia leve tipo lambda. .
Hipótese(s) Diagnóstica(s)
Amiloidose de cadeias leves / Comunicação interatrial
Conduta(s) Adotada(s)
Iniciou-se tratamento com esquema CyBord e uso de diuréticos em dose alta. Evoluiu com resolução da congestão com persistência da disfunção sistólica. Os níveis de NT-ProBNP e a relação kappa/lambda permaneceram muito elevados, com queda 4 meses após a introdução do daratumumabe apresentando os valores de 5239 e 0,59 respectivamente e fração de ejeção melhorada para 42%. Houve boa evolução inicial, sem sintomas, com preservação da função ventricular no primeiro ano de diagnóstico, seguida de disfunção ventricular e quadro de IC grave após este período. Refratariedade ao tratamento com ciclofosfamida, bortezomibe e dexametasona, com manutenção dos níveis elevados de relação kappa/lambda. Após a introdução do daratumumabe, o paciente apresentou melhora dos níveis deste biomarcador.
Conclusões
Concluímos ser possível boa evolução clínica inicial na amiloidose AL e a adição do daratumumabe ao esquema CyBorD levar a sucesso terapêutico.
Palavras chave
amiloidose AL, daratumumabe, comunicação interatrial
Área
Tema Livre
Instituições
Curso de Pós-Graduação em Cardiologia da SBC/INC/INCA - Rio de Janeiro - Brasil, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo - Brasil
Autores
ANA CRISTINA DE SOUZA MURTA, Yoná Afonso Francisco