Dados do Trabalho
Título
Comportamento perioperatório da citocina RANTES como potencial preditor de risco em pacientes com shunts cardíacos congênitos.
Introdução
Em “shunts” cardíacos congênitos, a inflamação tem papel fisiopatológico relevante. A congestão pulmonar predispõe a quadros bronquíticos de repetição. Proteínas inflamatórias são expressas, com ação sobre células epiteliais respiratórias e células vasculares pulmonares, ocasionando remodelamento. Níveis circulantes de marcadores inflamatórios podem guardar relação com a magnitude do distúrbio hemodinâmico. Neste estudo, examinamos o nível circulante da citocina (quimiocina) RANTES (regulated on activation, normal T cell expressed and secreted), no contexto do tratamento cirúrgico de pacientes pediátricos.
Objetivo
Avaliar o comportamento da quimiocina RANTES em relação as variáveis pré e
perioperatória em pacientes pediátricos com comunicações cardíacas congênitas.
Método
Pacientes com comunicações cardíacas pós-triscupídeas, não restritivas (n=96, idade 2 a 36 meses) foram estudados quanto a variáveis pré-operatórias incluindo a idade, presença da síndrome de Down, saturação periférica de oxigênio e razão fluxo sanguíneo pulmonar/sistêmico (Qp/Qs, ecocardiografia transtorácica). Em situação perioperatória, computou-se, entre outros parâmetros, o tempo sob circulação extracorpórea (TCEC), a variação no número de linfócitos circulantes, a razão neutrófilos/linfócitos, o montante de inotrópicos e drogas vasoativas utilizadas (escore VIS) e o nível sérico de RANTES (pré-operatório, 4 horas e 24 horas após a CEC).
Resultados
O nível pré-operatório de RANTES foi mais alto em pacientes comparativamente aos controles (respectivamente, 66033 (48937-77996) u.i.p. e 55577 (43488-64444) u.i.p., mediana e percentis 25 e 75, p=0,005). Houve relação direta (curvilinear) com Qp/Qs (y= -0,50 + 3,20 *x - 0,75 *x^2, p<0,001), sem correlação com outras variáveis em estudo. Após a cirurgia, houve declínio de RANTES (p<0,001) em paralelo à redução de linfócitos circulantes (p<0,001). Houve relação negativa de RANTES (4 horas e 24 horas após a cirurgia) com TCEC (respectivamente, r= -0,29, p=0,039 e r= -0,31, p=0,027) e também relação negativa com o escore VIS (respectivamente, r= -0,50, p<0,001 e r= -0,41, p=0,003). Não houve associação com outras variáveis.
Conclusão
Os achados confirmam a relação entre inflamação e situação hemodinâmica em cardiopatias congênitas com “shunt” sistêmico-pulmonar. Na condição pós-operatória, os níveis de RANTES (reduzidos) refletem situação de risco (longo tempo cirúrgico, doses altas de drogas vasoativas) com comprometimento da resposta imune (sobretudo linfocitária).
Palavras chave
Cardiopatia congênita. Cirurgia cardíaca pediátrica. Inflamação Citocinas. Hipertensão pulmonar.
Área
Tema Livre
Instituições
Instituto do Coração - IncorHCFMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
Ully Suzano Bragança, Nair Y Maeda, Claudia R P Castro, Antonio Augusto Lopes