Dados do Trabalho

Título

ATIVAÇÃO DA MICRÓGLIA DURANTE A INSTALAÇÃO DA HIPERTENSÃO ESPONTÂNEA CONTRIBUI PARA A DISFUNÇÃO DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA

Introdução

A hipertensão crônica cursa com aumento da permeabilidade da BHE (PBHE) em áreas de controle autonômico e, em hipertensos espontâneos (SHR), é acompanhada de disfunção autonômica. Embora não estruture a BHE, há indícios que a micróglia possa contribuir para a disfunção da BHE por síntese de citocinas pró-inflamatórias. Desconhecemos a inter-relação entre a instalação da hipertensão, funcionalidade da BHE e o estado de inativação/ativação da micróglia.

Objetivo

Utilizando ratos normotensos (controle), investigar em SHR as alterações temporais da pressão arterial (PA), da PBHE e do estado funcional da micróglia desde a fase pré-hipertensiva até a fase crônica da hipertensão.

Método

Grupos de SHR e Wistar de diferentes idades (4, 5, 6, 8 e 12 semanas) cronicamente cateterizados foram submetidos ao registro contínuo da PA e frequência cardíaca basais (≈60min). Após, parte dos ratos de cada grupo recebeu infusão intra-arterial corantes fluorescentes (Rodamina-70kDa; FITC-10kDa) sob anestesia e os encéfalos removidos 30min após, para determinar a PBHE no núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN); outra parte foi eutanasiada, os encéfalos fixados (paraformaldeído 4%) e removidos para análise morfológica com imunofluorescência (IBA-1 marcador da micróglia).

Resultados

SHR pré-hipertensos (4ª-5ª semanas) apresentavam PAM similar à dos Wistar (82±5 mmHg). A PAM dos normotensos manteve-se praticamente inalterada e a dos SHR aumentou progressivamente a partir da 6ª semana, estabilizando-se em níveis de hipertensão entre a 8ª-12ªsemana de idade (135±12 mmHg). A PBHE entre a 4ª e 5ª semana apresentava-se em níveis reduzidos e similares (0,06±0,01 a 0,09±0,02 % área) no PVN de ambos os grupos, com aumento progressivo a partir da 6ª semana chegando a 1,50±0,11% área na 12ª semana, enquanto a dos Wistar continuou em valores baixos. Por sua vez a análise morfológica da micróglia (80-90 células/campo analisado) revelou em ambos os grupos nas semanas iniciais células inativas, com muitos neuritos, bastante ramificados (7338±401 a 8571±240 pontos de ramificação). Nos Wistar os valores não modificaram até a 12ª semana, mas houve queda progressiva nos SHR (3434±87 na 12ª semana), indicando intensa ativação microglial (síntese de citocinas pró-inflamatórias).

Conclusão

Alterações simultâneas e temporais das variáveis analisadas ao longo da instalação da hipertensão sugerem que a síntese de citocinas pró-inflamatórias pela micróglia ativada contribui à instalação da disfunção da BHE no desenvolvimento da hipertensão espontânea.

Palavras Chave

hipertensão espontânea; micróglia; barreira hematoencefálica; disfunção autonômica; SHR