XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial

Dados do Trabalho


Título

CONSUMO HABITUAL DE CAFÉ E SUA ASSOCIAÇÃO COM ADIPOSIDADE CORPORAL, SARCOPENIA, HIPERTENSÃO E OUTROS MARCADORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL

Introdução

O risco de doenças cardiovasculares em receptores de transplante renal (RTxR) é maior do que na população em geral. Existem evidências de que o consumo de café pode influenciar na adiposidade corporal e em outros marcadores de risco cardiovascular, no entanto, em RTxR, não estão disponíveis estudos avaliando tal associação.


Objetivo

Avaliar o consumo habitual de café e sua associação com adiposidade corporal, sarcopenia, hipertensão, diabetes, dislipidemia e marcadores inflamatórios em RTxR.


Método

Estudo transversal envolvendo RTxR (≥6 meses) com idade entre 18-71anos. Avaliações: ingestão alimentar (3 recordatórios 24h), antropometria, absorciometria radiológica de dupla energia, presença de hipertensão, diabetes, dislipidemia e sarcopenia, taxa de filtração glomerular estimada (TFGe), proteinúria, HOMA-IR, proteína C reativa ultrassensível, adiponectina, fator de necrose tumoral-α, interleucina-8 e homocisteína.


Resultados

Foram incluídos 170 pacientes, 48±11anos, 59% homens(n=100), 108±90meses pós TxR e TFGe 55±19ml/min. Consumo habitual de café: 198±93ml/dia. Dentre os pacientes com consumo habitual de café, 56%(n=93) usavam açúcar. Participantes divididos em 2 grupos: ingestão 0-1xícara/dia (G0-1) e 2-3 xícaras/dia (G2-3). O G2-3 comparado ao G0-1 apresentou idade mais elevada [53(44-59)vs.47(39-53)anos], maior percentual de hipertensos (89vs.74%) e diabéticos (26vs.12%), além de valores mais elevados de circunferência da cintura (CC) [93(85-103)vs.89(80-99)cm], razão cintura estatura (RCE) [0,57(0,53-0,62)vs.0,55(0,49-0,61)], gordura corporal nos homens (31±7vs.28±6%), gordura no tronco nos homens [12,6(10-18)vs.11(7,5-15)kg], gordura visceral nos homens [1,5(1,0-2,0)vs.0,9(0,5-1,7)kg] e prevalência de obesidade central segundo CC (78%vs.61%) e RCE (77%vs.54%). Na regressão logística ajustada para idade, sexo, TFGe, tempo de TxR, atividade física, ingestão energética e consumo café com açúcar, o G2-3 em comparação com G0-1, permaneceu associado com valores mais elevados de CC, RCE e maior prevalência de obesidade central. Na correlação parcial ajustada para confundidores, o volume de café apresentou associação positiva com índice de massa corporal (r=0,17;p=0,04), CC (r=0,31;p<0,01), RCE (r=0.30;p<0,01), GC total (r=0,19;p=0,04) e no tronco (r=0,20;p=0,04). O café não se associou com as demais variáveis do estudo.


Conclusão

O consumo habitual de café se associou com maior adiposidade corporal, principalmente central, em RTxR.


Palavras Chave

Café. Adiposidade corporal. Sarcopenia. Transplante renal.

Área

Área Multiprofissional

Autores

Mariana Silva Costa, Karine Scanci da Silva Pontes, Marcella Rodrigues Guedes, Michelle Rabello Cunha, Maria de Lourdes Guimarães Rodrigues, Debora Cristina Torres Valença, Maria Inês Barreto Silva, Márcia Regina Simas Torres Klein