Dados do Trabalho


Título

Caracterização clínico-laboratorial de pacientes internados na unidade de nefrologia: uma ênfase na Hipertensão Arterial Sistêmica.

Introdução

A hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença crônica não transmissível mais prevalente no Brasil, é uma das principais causas de doença renal crônica (DRC). Com o envelhecimento da população e o aumento na prevalência das doenças crônicas, estima-se que DRC e HAS estejam cada vez mais presentes em nosso meio.  

Objetivo

Caracterizar a população de pacientes adultos da unidade de internação de nefrologia e comparar dados clínico-laboratoriais entre hipertensos e não-hipertensos.  

Método

Estudo retrospectivo, transversal, descritivo. Critérios de inclusão: internados na enfermaria de nefrologia de um hospital universitário, durante 2021 e 2022. Critérios de exclusão: idade inferior a 18 anos, transplante prévio, internações para administração de medicações de uso hospitalar. As análises estatísticas buscaram comparar os dados demográficos, clínicos e laboratoriais entre os pacientes hipertensos e normotensos. A distinção entre os grupos foi feita a partir do registro de HAS em prontuário eletrônico.   

Resultados

Foram incluídos 294 pacientes, entre 18 e 85 anos, sendo 191 (64,7%) hipertensos e 103 (34,9%) não-hipertensos. Na comparação entre os grupos, hipertensos apresentaram maiores médias de idade 51,4 vs 35,8 anos (p<0,001), creatinina (2,76 vs 1,87 mg/dL, p=0,001) e ureia (85,09 vs 64,74 mg/dL, p=0,001) séricas, peso (75,19 vs 70,03 kg, p=0,031), IMC (27,65 vs 25,39, p=0,010), pressão arterial sistólica (142,45 vs 131,11, p=0,014) e piores taxas de filtração glomerular (29,5 vs 42,3 mL/min/1,73m2, p<0,001). Em adição, maior prevalência de diabetes (32,5% vs 4,9%, p<0,001), dislipidemia (28,3% vs 16,5%, p=0,032) e tabagismo (9,9% vs 4,9%, p=0,008), além de menor média de proteinúria (4,33 vs 5,07 mg/dL, p>0,05) e maior uso das medicações IECA (57,4% vs 42,6%, p=0,211) e BRA (70,6% vs 29,4%, p=0,129). As médias de perfil lipídico foram menores no grupo dos hipertensos, tal como a razão TG/HDL (1,35 vs 1,59), mas, sem diferença estatística, fato que pode ser atribuído ao maior uso de hipolipemiantes dentre os hipertensos (71,2% vs 28,8%, p=0,063).

Conclusão

Os pacientes hipertensos apresentaram algumas características que podem indicar maior risco cardiovascular e gravidade da doença renal. Porém, nas análises de perfil lipídico o uso de hipolipemiantes dos hipertensos pode justificar menores níveis destes em relação aos não-hipertensos. Assim, ressalta-se a importância do tratamento otimizado aos pacientes hipertensos e nefropatas.    

Área

Hipertensão Arterial

Categoria

Estudos Epidemiológicos

Autores

Juliana Miki Oguma, Juliana Figueredo Pedregosa, Rafaela Francisquetti Barnes, André Kiyoshi Miyahara, Erika Bevilaqua Rangel