Dados do Trabalho
Título
EFEITO DA COVID-19 NOS HÁBITOS DE VIDA E CONTROLE E ADESÃO, EM HIPERTENSOS SEGUNDO O SEXO: ESTUDO DE COORTE PROSPECTIVO
Introdução
A pandemia de COVID-19 exigiu restrição e isolamento social, que pode ter impactado diretamente o tratamento efetivo da hipertensão arterial.
Objetivo
Analisar a influência da COVID-19 nas condições de saúde, hábitos de vida, controle da pressão e adesão ao tratamento em hipertensos, segundo o sexo.
Método
Coorte prospectiva com 111 pessoas hipertensas atendidas em ambulatório de hipertensão de um hospital terciário de ensino, em São Paulo - SP. Foram incluídos: ≥ 18 anos, com número de telefone em prontuário e acompanhados há pelo menos 6 meses. Gestantes foram excluídas. Os dados a seguir foram coletados pré pandemia pessoalmente e durante a pandemia, por entrevista telefônica: adesão ao tratamento pela Escala de 4 itens de Morisky Green Levine; características biossociais e hábitos e estilos de vida. As variáveis clínicas e do tratamento medicamentoso foram obtidas do prontuário eletrônico. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa e todas análises realizadas no software estatístico R versão 4.3.2, com o nível de significância de 5%.
Resultados
A maioria dos hipertensos era do sexo feminino (61,3%), da raça/cor da pele branca (66,7%), casados (56,8%) com idade média 66,0 (14,0) anos e 9,0 (4,0) anos de estudo. Durante a pandemia, em relação ao período pré, houve (p<0,05): aumento da prática de atividade física (10,8% vs 2,7%); redução do consumo de bebida alcoólica (21,8% vs 54,9%); e queda do percentual de pacientes aderentes ao tratamento anti-hipertensivo (55,0% vs 89,2%). Houve redução (p<0,05) no controle da pressão arterial na amostra total (56,8% vs 67,5%) e nas mulheres a redução foi de 13,9% . Quanto ao tratamento medicamentoso geral, houve aumento (p<0,05) da média na amostra total [6,2 (2,5) vs 5,8 (2,5)] e também nas mulheres [(6,5 (2,3) vs 6,0 (2,3)], quanto à média dos anti-hipertensivos, o aumento foi em ambos os sexo, mulheres [(2,3 (1,1) vs 1,5 (1,1)], homens [(2,7 (1,3) vs 1,9 (1,3)] e na amostra total [(2,5 (1,2) vs1,6 (1,1)]. Quanto aos exames laboratoriais, houve redução significativa (p<0,05) na amostra total na taxa de filtração glomerular[(67,2 vs 72,3 ml/min)] e dos níveis de HDL (51,5 vs 54,7 mg/dL), e nas mulheres somente nos níveis de HDL [(60,3 vs 53,7 mg/dL)].
Conclusão
Durante a pandemia observou-se efeito positivo em alguns hábitos e estilo de vida dos hipertensos, porém, piora importante da adesão ao tratamento e controle da pressão. O sexo influenciou em algumas mudanças.
Área
Hipertensão Arterial
Autores
Mayra Cristina Luz Pádua Guimarães, Karina Cardoso Meira, Juliana Chaves Coelho, Juliano dos Santos, Cassia Lima de Campos Calderaro, Giovanio Vieira da Silva, Luciano Ferreira Drager, Angela Maria Geraldo Pierin