Dados do Trabalho

Título

SUPRADESNIVELAMENTO DO SEGMENTO ST LATERAL AO TESTE ERGOMÉTRICO ASSOCIADO Á LESÃO CRÍTICA DE ARTÉRIA CIRCUNFLEXA: RELATO DE CASO

Introdução

O teste ergométrico (TE) associado à cintilografia miocárdica é um método frequentemente utilizado para avaliação de isquemia miocárdica em pacientes com probabilidade intermediária a alta de doença arterial coronária (DAC). O supradesnivelamento do segmento ST ao TE é incomum, com incidência de 0,78% em pacientes sem alterações do eletrocardiograma (ECG) basal, haja vista que apresenta maior frequência em áreas eletricamente inativas, secundárias a infarto do miocárdio. 

Descrição do Caso

Paciente masculino de 64 anos, natural e procedente de São Paulo, hipertenso, tabagista e com nódulo pulmonar em investigação. História de dor torácica tipo A (em aperto, de moderada intensidade, sem irradiação) desencadeada aos esforços, com melhora ao repouso, sem outros sintomas há 3 meses. Exame indicado para investigação de DAC. O TE foi realizado com protocolo de Bruce. Apresentou supradesnivelamento do segmento ST de 1,0 mm em aVL, V5 e V6 e infradesnivelamento de ST em V1 e V2 de 1,0mm de morfologia descendente, associado a angina típica no pico do esforço (figuras 1 e 2). A FC máxima atingida foi de 80% da máxima prevista. A carga de trabalho alcançada foi de 6,2 METS. O exame foi interrompido devido a dor torácica e as alterações do ECG com 4min e 43seg (estágio 2). As imagens demonstraram hipocaptação transitória inferior (apical, médio e basal), hipocaptação transitória lateral (apical) e hipocaptação transitória inferolateral (médio e basal), determinando isquemia de média extensão. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi de 69% no repouso e 74% após estresse. 

Hipótese(s) diagnóstica(s)

Lesão coronariana crítica.

Conduta(s) adotada(s)

Paciente foi encaminhado ao Pronto Socorro sendo realizado cineangiocoronariografia que evidenciou lesão grave de 90% em terço médio da artéria circunflexa (Cx) (figura 3). Submetido à intervenção coronária percutânea da Cx com stent farmacológico com sucesso e boa evolução.

Conclusões

Neste caso relatamos o achado raro do supradesnível do segmento ST lateral ao TE em paciente sem alterações no ECG prévio, associada à lesão de Cx. Os estudos demonstram que 87% dos pacientes que desenvolveram supradesnivelamento do segmento ST ao TE tinham lesões > 90% (principalmente em artéria descendente anterior) e 59% tinham doença multilateral. Esse achado demonstra o elevado valor preditivo positivo para lesões críticas como também para localização da artéria acometida.