Dados do Trabalho
Título
Taquicardia ventricular induzida pelo exercício
Introdução
A prática de exercício físico sabidamente reduz o risco cardiovascular. Entretanto, em indivíduos que treinam em altas intensidades, a incidência de morte súbita (MSC) pode ser até três vezes maior do que em sedentários. A detecção de arritmias ventriculares durante a avaliação pré-participação (APP) pode alertar para a presença de doença cardiovascular subjacente e o aumento do risco de MSC durante a prática esportiva. A correta interpretação pode representar um dilema particularmente em atletas.
Descrição do Caso
Masculino, 16 anos, traço falciforme, COVID-19 leve em. Atleta júnior de futebol, acompanhado em ambulatório de cardiologia do esporte, desde 2021 por extrassístoles ventriculares (EV) com morfologia de via de saída ventrículo esquerdo (VSVE), assintomáticas e identificadas no eletrocardiograma (ECG) realizado durante avaliação de rotina em 2020. Sem anormalidades ao exame físico. Negou história familiar de MSC. Holter (2020) evidenciou EV monomórficas frequentes (4%), extrassístolía supraventricular rara e ausência de taquicardia ventricular (TV). Teste ergométrico (TE) sem arritmias e alterações. Ecocardiograma e ressonância magnética (RNM) de 2020 sem alterações. Em março de 2022 durante a realização de um TE, apresentou episódio de TV sustentada, com morfologia de VSVE, assintomática e revertida espontaneamente, sendo internado para investigação. RNM sem fibrose ou outras anormalidades; Holter 24h apresentou 57 TVs não sustentadas e sustentadas, a maior com 377 batimentos e frequência cardíaca (FC) de 145 bpm, assintomático, além de angiotomografia de coronárias sem alterações. Encaminhado para o estudo eletrofisiológico (EEF) que evidenciou EV de summit de ventrículo esquerdo (VE).
Hipótese(s) diagnóstica(s)
Taquicardia ventricular por atividade deflagrada relacionada a foco ectópico em Summit de VE.
Conduta(s) adotada(s)
Realizado EEF e ablação com sucesso de EV em região de summit VE. Repetiu Holter de 24h que apresentou extrassistolia rara e ausência de taquicardia supra e/ou ventricular, e TE, onde alcançou FC máxima e episódio único de extrassístole supra e ventricular isolada, durante a recuperação. Permaneceu assintomático, sendo liberado para a prática esportiva.
Conclusões
Este caso demonstrou a detecção precoce de arritmia complexa em um atleta e seu tratamento resolutivo com sua posterior liberação para a prática esportiva, ressaltando a importância da APP de atletas na redução da morbimortalidade cardiovascular e o dilema, na prática clínica, do diagnóstico das arritmias ventriculares.
Palavras chave
Taquicardia ventricular sustentada, summit VE, detecção precoce, APP
Área
Cardiologia do esporte e exercício
Instituições
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo - Brasil
Autores
RENIER SOARES PIRES, Carolina Parra Magalhães, Ediele Carneiro Brandão, Alexandre Schaer Carvalho da Silva, Rodrigo Otávio Bougleux Alô, Thiago Ghorayeb Garcia, Giuseppe Sebastiano Dioguardi