Dados do Trabalho
Título
EFEITOS AGUDOS DO CONSUMO DE CAFÉ SOBRE A FUNÇÃO ENDOTELIAL EM INDIVÍDUOS HIPERTENSOS SOB TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Introdução
O café possui inúmeros compostos bioativos incluindo cafeína e ácidos clorogênicos (ACGs). Apesar dos efeitos da cafeína sobre a função endotelial serem controversos, os ACGs são polifenóis com efeito antioxidante, capazes de aumentar a biodisponibilidade de óxido nítrico e melhorar a função endotelial. Estudos avaliando os efeitos agudos do café sobre a função endotelial apresentam resultados inconsistentes, tendo sido realizados exclusivamente com indivíduos saudáveis.
Objetivo
Avaliar os efeitos agudos da ingestão de café arábica com e sem cafeína sobre a função endotelial e a reatividade microvascular cutânea em hipertensos em tratamento medicamentoso.
Método
Ensaio clínico randomizado, controlado e cruzado com pacientes hipertensos entre 40-65 anos consumidores habituais de café. Os pacientes realizaram 3 visitas de intervenção, com intervalo de 1 semana, nas quais ingeriram de forma aleatória uma dentre 3 bebidas: café expresso com cafeína (CC) (61,42mg ACGs; 135mg cafeína), café expresso descafeinado (CD) (68,07mg ACGs; 5mg cafeína) e água. Antes e 90 minutos após a ingestão das bebidas a função endotelial foi avaliada por tonometria arterial periférica com a determinação do índice de hiperemia reativa (RHI) e a reatividade microvascular cutânea avaliada por meio da técnica de Laser Speckle Contrast Imaging através da hiperemia reativa pós-oclusiva. O teste ANOVA para medidas repetidas foi utilizado para avaliar as modificações intra e inter-bebidas.
Resultados
Foram incluídos 16 pacientes e 14 finalizaram todas as visitas, 58±6 anos, 50% homens. O RHI apresentou redução significativa após a ingestão do CC (-0,57±0,60;p=0,004) e do CD (-0,54±0,75;p=0,03), porém não se modificou de forma significativa após a água (-0,09±0,76;p=0,34). Entretanto, ao se comparar a modificação do RHI após as 3 bebidas não foi observada diferença significativa. Em relação a reatividade microvascular cutânea não foram observadas modificações significativas no pico de hiperemia, na amplitude da resposta a hiperemia e nem na área sob a curva pós-oclusão após a ingestão das 3 bebidas. Na análise comparativa das modificações nestas variáveis após as 3 bebidas não foram observadas diferenças significativas.
Conclusão
O café com cafeína e o café descafeinado em comparação com a água não promoveram modificações significativas na função endotelial e na reatividade microvascular cutânea em hipertensos sob tratamento medicamentoso com ingestão habitual de café.
Palavras Chave
Café. Hipertensão. Função Endotelial
Área
Área Multiprofissional
Autores
Fernanda Barboza de Araujo Lima Casto, Michelle Rabello Cunha, Flavia Garcia Castro, Otniel Freitas-Silva, Sidney Pacheco, Maria de Lourdes Guimarães Rodrigues, Debora Cristina Torres Valença, Mario Fritsch Neves, Márcia Regina Simas Torres Klein