Dados do Trabalho
Título
PROGNÓSTICO DE HIPERTENSOS REFRATÁRIOS EM UMA GRANDE COORTE DE HIPERTENSOS RESISTENTES
Introdução
A hipertensão refratária (HARef) é definida como o descontrole pressórico apesar do uso de 5 ou mais anti-hipertensivos, sendo considerada o fenótipo extremo da hipertensão resistente (HAR), porém o prognóstico desta condição ainda não está estabelecido na literatura.
Objetivo
Determinar o valor prognóstico da HARef verdadeira em uma grande coorte de hipertensos resistentes.
Método
Estudo prospectivo envolvendo 835 pacientes de uma grande coorte de hipertensos resistentes. Após 6 meses de acompanhamento, 147 (17,6%) dos pacientes permaneceram refratários ao tratamento com MAPA não controlada apesar do uso de 5 ou mais drogas, incluindo um tiazídico e a espironolactona. Todos foram submetidos a um protocolo padrão com avaliação clínica, MAPA de 24 horas, ecocardiografia, VOP e exames laboratoriais. Os desfechos primários foram mortalidade total, mortalidade cardiovascular e eventos cardiovasculares (CV) fatais e não fatais. Desfechos secundários foram doença coronariana, doença cerebrovascular, doença renal crônica (DRC) em terapia substitutiva, doença arterial periférica). As taxas de pessoa-tempo para os resultados de interesse foram calculadas para encontrar correlações das curvas de sobrevida de Kaplan-Meier usando modelos multivariados de regressão de Cox, após ajustes.
Resultados
A mediana de acompanhamento foi de 162 meses [IQR 115-196]. Em comparação aos hipertensos resistentes, os refratários são mais jovens e mais obesos. Quanto a lesões subclínicas, os refratários apresentam menos rigidez aórtica (13 vs 21%, p=0,02) e DRC estágio 3 (26 vs 34%, p=0,03) com albuminuria e IMVE semelhante aos resistentes. Ocorreram 232 mortes (21 vs 29%), das quais 122 foram mortes cardíacas (13 vs 15%) e um total de 253 eventos CV fatais e não fatais (44% vs 49%). O diagnóstico de HARef foi significativamente associado a um menos risco para morte total após ajuste por sexo e idade. Também houve um tendência a ser protetivo para morte CV, DRC em terapia substitutiva e doença arterial periférica, embora sem atingir significância estatística. O risco relativo variou de 0,62 a 0,94 para todas as análises após os ajustes, exceto para doença cerebrovascular (IC95%:1.22(0.70-2.17).
Conclusão
Apesar da MAPA não controlada, os refratários apresentaram menor mortalidade total e cardiovascular a longo prazo, exceto para doença cerebrovascular. Possivelmente podemos atribuir esse resultado ao uso obrigatório da espironolactona nos refratários.
Área
Área Clínica
Instituições
UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - BRASIL - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
TAISSA LORENA DOS SANTOS, CAROLINA DE CARVALHO FORTES, SOFIA LUZ COUTINHO BOTELHO LOBO, MATHEUS HENRIQUE GONÇALVES DE SOUZA, FABIO BRAGA SANTORO, FERNANDA O CARVALHO CARLOS, CARLOS FELIPE DOS SANTOS PIMENTA, VICTOR DA SILVA MARGALLO, BERNARDO CHEDIER, ELIZABETH MUXFELDT